Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de sua última quimera. Somente a Ingratidão – esta pantera – Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Augusto dos Anjos, Versos Íntimos Tiago não conhecia as pessoas como conhecia os papéis. Embrulhava, amassava, cheirava, dormia e respirava papel. Trabalhava à noite em uma gráfica para sustentar seus quatro filhos e sua esposa. Morava no bairro do Brás, próximo à estação de trem e trabalhava nesta gráfica no distrito de Santo André. Um leão faminto, exatamente assim poderia ser descrito Tiago quando operava a máquina de corte de papéis na gráfica. Sentia muita saudade da esposa e dos filhos, principalmente até as duas horas da madrugada, horário da ceia em que via Rita. Ah, Rita! Que arrocho de mulher! Uma morena lindíssima com olhos amendoa...
De repente eu vim. E da aurora virginal Até o cume banal, Do aceno da dor Do orbe mirim Da irrazão animal Um trépido terror Quando me vi vestido Da linguagem Uma ânsia de amor De um peito partido Eu herdava da linhagem Um coro de costumes Que me tirava a inocência E agora a demência Tinha cronômetro Inserido Mas deixei minha marca Uma mancha incolor Sem graça e odor E para o espanto De todos que viram O meu espectro Uma vida, um espanto Imperceptível Em graça e torpor Talvez tenha morrido santo.